CRISE

Com alta de dengue em Pernambuco, setores econômicos podem perder R$ 84,5 milhões até o fim deste ano

Até a 15ª semana do ano, o impacto na produtividade das indústrias já somava R$ 35,5 milhões

Publicado em: 06/05/2024 11:02 | Atualizado em: 06/05/2024 22:51

 (nuzeee/Pixabay)
nuzeee/Pixabay

A alta dos casos de dengue e outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti vem se tornando um problema econômico além de sanitário, afetando também a operação de indústrias do Estado. Segundo estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), o impacto financeiro até agora foi de R$ 35,5 milhões.

 

Se os casos continuarem crescendo, a expectativa é que haja um impacto de R$ R$ 84,5 milhões na produtividade de todos os setores econômico da indústria, do comércio e serviço no Estado.

 

Pernambuco está entre os cinco estados com tendência de aumento de casos, conforme o Ministério da Saúde. De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES), com informações até o dia 30 de abril, já foram registrados  2.447 casos confirmados de dengue e 24.080 casos prováveis da doença somente em 2024.

  

Ainda conforme o levantamento, realizado com 111 empresas, 45,56% dos empresários citaram a queda na produção como maior impacto em seus negócios; 34,44% das indústrias precisaram realocar seu pessoal, enquanto 15,56% tiveram que pagar hora extra para compensar o afastamento dos colaboradores com as doenças. Apenas 4,44% dos empresários industriais afirmaram que foi necessário realizar novas contratações.

 

O estudo revelou que o percentual de absenteísmo foi de 8,34%, além disso, quase 73% dos empresários entrevistados informaram que tiveram empregados afetados por alguma doença transmitida pelo Aedes aegypti.

 

Cézar Andrade, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) (Foto: Divulgação)
Cézar Andrade, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) (Foto: Divulgação)
 

 

De acordo com o economista da Fiepe, Cézar Andrade, a pesquisa foi realizada com base nos dados do IBGE, que apontam que o valor da produção diária do trabalhador é de R$ 287, 53. “Quando o trabalhador é diagnosticado com a dengue, o médico dá um atestado de sete dias, então o afastamento desse colaborador chega a um choque de produtividade de produtividade de R$ 2.012,71 por trabalhador”, disse, 

 

 

Juliana de Oliveira Garavani, diretora e proprietária da New Clima, empresa de refrigeração localizada no Cordeiro, no Recife, conta que o fluxo de trabalho foi bastante afetado pelo aumento de casos da doença. Entre 30 funcionários e prestadores de serviços, 22 tiveram dengue nos últimos meses. “O faturamento da empresa baixou quase 53,65%. Foi bem complicado, fizemos algumas ações aqui para organizar as equipes, além de conscientizar, não só os funcionários, como também as famílias deles”, disse. 

 

Juliana de Oliveira Garavani, diretora e proprietária da New Clima (Foto: Divulgação)
Juliana de Oliveira Garavani, diretora e proprietária da New Clima (Foto: Divulgação)
 

 

 

Diante desse cenário, a diretora de Saúde e Segurança da Indústria do SESI-PE, Fernanda Guerra, alertou sobre a importância do diagnóstico da dengue, da chikungunya e da zika para que seja realizado o tratamento adequado de imediato. Acreditar que é apenas um resfriado ou virose pode acabar camuflando um possível foco de dengue dentro da empresa. 

 

 

“O SESI-PE oferece exames de diagnóstico. Com a identificação da doença, o funcionário se trata da forma adequada e volta a trabalhar mais rapidamente, diminuindo o índice de absenteísmo e evitando o comprometimento da produtividade das indústrias”, explica. 

 

Além disso, Fernanda ressalta que o SESI-PE também dispõe de um canal de telemedicina, criado pelo SESI Nacional, para atender os trabalhadores da indústria e seus dependentes com suspeita de dengue. Os trabalhadores que apresentarem sintomas da doença, poderão ter acesso a assistência e a orientações em saúde especializada por meio do WhatsApp (61) 3317-1414.

 

Porte das empresas

 

As informações captadas pela pesquisa mostram ainda que 24,32% são de micro indústrias, 32,43% são pequenas indústrias, 27,03% de médias e 16,22% de indústrias de grande porte, segundo critérios por número de funcionários e faturamento.

Tags: fiepe | sesi | indústria | dengue |
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