ONU

EUA vetam adesão da Palestina à ONU

A resolução apresentada pela Argélia contou com 12 votos a favor. Reino Unido e Suíça se abstiveram

Publicado em: 18/04/2024 22:21

Conselho de Segurança da ONU (foto: Stan Honda/ AFP)
Conselho de Segurança da ONU (foto: Stan Honda/ AFP)

Nesta quinta-feira, os Estados Unidos vetaram, no Conselho de Segurança da ONU, a adesão da Palestina enquanto membro pleno das Nações Unidas.

 

A resolução contou com 12 votos a favor. Reino Unido e Suíça se abstiveram. A resolução tinha sido apresentada pela Argélia.

 

A presidência da Autoridade Palestiniana considerou o "injusto, antiético e injustificado" o veto norte-americano. O embaixador de Israel aplaudiu os Estados Unidos pelo uso do veto a uma "proposta vergonhosa".

 

O veto norte-americano já era esperado, após o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Padel, ter justificado durante a tarde a decisão de derrubar a proposta.

 

"Fomos muito claros ao dizer que ações prematuras em Nova Iorque, embora tenham as melhores intenções, não conseguirão que a Palestina seja reconhecida como um Estado", afirmou Padel, em coletiva de imprensa em Washington.

 

Padel declarou que a Palestina não cumpre as condições para poder ser considerada um Estado-membro da ONU.

 

"O Hamas, uma organização terrorista, é que está exercendo o poder e a influência" na Faixa de Gaza, sustentou Padel.

 

Para Washington, o reconhecimento da Palestina enquanto Estado deve ser feito em um entendimento entre palestinos e israelenses.

 

Enquanto um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, com poder de veto, os Estados Unidos podem bloquear efetivamente o reconhecimento da Palestina como membro da ONU, mesmo que todos os outros Estados  sejam favoráveis.

 

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano chegou a afirmar ainda que, se a Palestina fosse autorizada a aderir à ONU, os Estados Unidos irião retirar o seu financiamento.

Os EUA são atualmente o país que mais contribui para a ONU, tendo doado à organização mais de 18  bilhões de dólares no ano passado.

 

Sem a aprovação do Conselho de Segurança, o passo seguinte, de submeter a candidatura à aprovação da Assembleia Geral da ONU, fica automaticamente sem efeito.

 

Para ser aprovada, uma resolução requer nove votos a favor (dos dez membros não-permanentes do órgão) e que nenhum dos cinco membros permanentes se oponha.

 

Os países que  se pronunciaram abertamente a favor da admissão do Estado Palestino na ONU foram a Rússia, China, Argélia, Malta, Eslovénia, Serra Leoa, Moçambique e Guiana.

 

A resolução em prol da admissão do Estado palestino nas Nações Unidas foi apresentada pela Argélia, em nome dos países arabes da ONU, e suscitou um apoio unânime dos países muçulmanos e dos não-alinhados, além de alguns europeus, como é o caso de Espanha.

 

A Palestina têm estatuto de observador das Nações Unidas desde 2012 e procura há anos adquirir o pleno reconhecimento como membro da organização.

 

A guerra em Gaza e o apoio internacional à causa palestiniana, conseguido nos últimos meses em resultado da devastação causada pelas operações israelitas contra o Hamas, criaram as condições para haver a votação.