COLUNA

Brasil tem aumento de 94,7% em empresas em Recuperação Judicial

Em 2023, segundo a Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial cresceram quase 70%
Por: Ecio Costa

Publicado em: 29/04/2024 10:20

Após os pedidos de recuperação judicial crescerem quase 70% em 2023, segundo a Serasa Experian, no acumulado do 1º trimestre de 2024, já há um novo aumento de 64% em relação ao 1º trimestre de 2023 e de 94,7% somente em março deste ano em relação ao mesmo mês no ano passado. 

O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações Judiciais é construído a partir do levantamento mensal das estatísticas de falências (requeridas e decretadas) e das recuperações judiciais e extrajudiciais registradas mensalmente na base de dados da Serasa Experian, provenientes dos fóruns, varas de falências e dos Diários Oficiais e da Justiça dos estados. 

O resultado de 2023 foi o 4º índice mais alto registrado desde o início da série histórica, em 2005, e o maior valor desde 2020. Comércio liderou com crescimento de 88%, seguido por indústria (84%), setor primário (72%) e serviços (53%).

Já em relação aos portes, as micro e pequenas empresas (MPEs) foram as que mais demandaram por recuperação judicial, com 77,8% em 2023. Em seguida, estavam os médios negócios (54%) e os grandes (48%). Os números de 2021 para 2022 tinham apresentado melhora, inclusive.

Ao longo dos meses de 2023, houve uma maior concentração no segundo semestre e mais forte no mês de novembro, quando atingiu seu pico. Embora os sinais de melhoria tenham começado a surgir, como a queda da inflação e das taxas de juros, a reação no cenário de recuperação judicial mostra-se mais lenta. 

Os pedidos de falências também tiveram alta em 2023 com um aumento de 13,5%. As MPEs puxaram a alta (546), seguidas pelas médias (231) e grandes companhias (206). O setor que mais demandou pelos pedidos foi o de Serviços (373), seguido por Indústria (311), Comércio (292) e Setor Primário (7).

O cenário de negócios tem mostrado um ritmo mais lento na recuperação do crédito para as empresas ao longo de 2024 fazendo com que o crescimento de empresas em recuperação judicial tenha continuado no 1º trimestre, com crescimento muito forte no mês de março, de 94,7% em relação ao mesmo mês do ano de 2023. 

O aumento nas solicitações de recuperações judiciais também é um reflexo do crescimento das empresas que se viram diante da iminência da insolvência. A inadimplência muito elevada, com custos de insumos elevados e margem apertada, se somam ao crédito restrito. Com um risco fiscal mais alto, o Boletim Focus das duas últimas semanas mostrou que a Selic vai cair num ritmo mais fraco até o final do ano, que compromete ainda mais a recuperação.