Paulistana

Cantora brasileira lança dois discos simultâneos por selo norte-americano

Luciana Souza mosra nos EUA desde a década de 1980

Publicado em: 08/10/2012 15:17 | Atualizado em: 08/10/2012 15:22

 
Radicada nos Estados Unidos Unidos desde o fim dos anos 1980, a cantora e compositora paulistana Luciana Souza volta às prateleiras com dois lançamentos de disco simultâneos, ambos pelo independente Sunnyside Records, que terão distribuição no Brasil pela Universal. O primeiro, The book of Chet, é corajosa compilação de canções que Chet Baker costumava interpretar, agora regravadas por ela. Já Duos III encerra trilogia iniciada pela cantora em 2001, incluindo temas da MPB e participação do guitarrista belo-horizontino Toninho Horta.

“Quando fui conversar com o dono da Sunnyside, disse que queria fazer dois discos. Não são grandes produções, e sim projetos compactos e rápidos de gravar, além de envolverem poucas pessoas”, conta Luciana. Como de costume, ela contou com o marido, Larry Kline, como produtor musical dos dois álbuns – ele assina também os dois anteriores, The new bossa nova (2007) e Tide (2009). No caso de Duos III, o processo foi ainda mais prático, já que os violonistas Romero Lubambo e Marco Pereira, escalados para as gravações, participaram do primeiro volume da série.

“Sou bem tradicional e tendo a gravar música antigas, de quando ainda morava no Brasil. São canções que ainda estão na minha memória. Aliás, isso também é uma tradição jazzística, pois As rosas não falam,  canção de Cartola que gravei agora, é um standard brasileiro. Por outro lado, perdi a oportunidade de contato com os músicos brasileiros atuais”, observa a cantora. No repertório estão também Doralice (Dorival Caymmi e Antônio Almeida), Eu vim da Bahia (Gilberto Gil) e três de Tom Jobim (Dindi, Inútil paisagem e Chora coração), entre outras.

De Toninho Horta são duas: Pedra da lua (com Cacaso) e Beijo partido. “O convite que fiz a ele foi um ato de coragem, pois sei do seu talento e não quis que soasse como um convite só para fazer acompanhamento de uma cantora”, diz Luciana. O mineiro participa do disco cantando em Pedra da Lua e tocando nessa e em outras três faixas, Beijo partido, Inútil paisagem e Tintim por tintim  (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques). “Não me preocupo em mostrar ao público coisas novas, mas de qualidade”, afirma ela.

Vulnerável

“Foi fácil, pois ‘vivo’ com ele há muito tempo. Foi só entrar no estúdio e gravar”, lembra a cantora, ao explicar sobre o processo de The book of Chet. Ela escolheu 10 músicas do repertório do cantor e trumpetista norte-americano, entre elas The thrill is gone, Forgetful, The touch of your lips, Fall in love too easily e You go to my head. O registro foi feito com o acompanhamento de Larry Koonse (guitarra), David Piltch (baixo) e Jay Bellerose (bateria). Houve apenas um ensaio, seguido por quatro dias de gravação.

“Fora o trágico fim de vida dele, a forma como ele cantava e seu repertório me interessam muito. Tenho empatia muito grande com a voz dele, que é muito simples, sem ornamento e reverenciando a letra. A afinação é perfeita, no centro da nota. Já a voz é leve e quase vulnerável, talvez por ele ter sido muito junkie, com o coração partido. Além disso, adoro cantar baladas, pois o silêncio passa a fazer parte do som. É um contraponto muito interessante. Foi maravilhoso fazer um disco de standards norte-americanos”, diz.

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