Novo disco

Carlinhos Vergueiro volta ao trabalho autoral com o disco Vida sonhada

Álbum possui 10 faixas, onde duas delas foram feitas com a parceira e filha Dora Vergueiro

Publicado em: 30/10/2012 11:38 | Atualizado em: 30/10/2012 13:28

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
Parceiro de Adoniran Barbosa no clássico Torresmo à milanesa e responsável pela produção do último disco gravado por Nelson Cavaquinho, o paulista Carlinhos Vergueiro passou os últimos anos de carreira relendo as obras dos dois compositores, em discos e shows. Agora, volta ao trabalho autoral com Vida sonhada, coleção de 10 temas em que o parceiro mais constante é seu mais
antigo colaborador, J. Petrolino. Produzido por Aluizio Falcão, que já foi de dois selos antológicos, o Marcus Pereira e o Estúdio Eldorado, o CD traz duas faixas feitas com a mais nova parceira, a filha Dora Vergueiro, com quem já havia composto os temas do disco Samba valente.

Com 60 anos completados em março, Carlinhos Vergueiro estreou em disco com Brecha, de 1974, mas só ficou nacionalmente conhecido pouco depois. Vestido de preto, com as longas madeixas seduzindo o público  feminino, ele ficou com o primeiro prêmio do Festival Abertura, primeira das várias tentativas da Rede Globo de recuperar o glamour e a importância dos grandes festivais da década de 1960.

Tendo o samba como maior companheiro, Carlinhos construiu uma carreira pautada pela coerência, atuando no time da MPB em que os amigos de pelada e música
Chico Buarque e Toquinho foram os mais ilustres. Foi com Toquinho que compôs o clássico Camisa molhada, uma de suas várias composições sobre o futebol. E a
participação no álbum Almanaque, de Chico, (re)abriu portas.


O esporte é mote para a melhor faixa do disco, a buarquiana Mina, com versos que remetem às melhores fases da MPB, em que as letras precisavam ter algum
tipo de raciocínio lógico, e não apenas refrão cheios de vogais: “Meu destino tá escrito/ botei no correio/ é melhor bonito/ do que ganhar feio/ meu silêncio é um grito/ vence tiroteio/ você quis o infinito/ nem chegou no meio”.

Com um tipo físico que remete a uma juventude eterna, Carlinhos segue a tradição e produziu um disco coeso, com ideias expostas claramente. O que é um grande alívio nos tempos atuais. Fluente nos sambas e temas mais rápidos, só peca um pouco na dramaticidade em faixas lentas, como Choro no fim e a pungente Aboio, em que canta como Sérgio Ricardo nos momentos de exagero.
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